Pediram-me para escrever acerca da perda. Aqui está o que escrevi a caminho do Porto. Esta é a minha opinião, esta é a minha verdade, que pode, felizmente, mudar a qualquer momento.
A perda não existe, existe apenas a sensação de perda. Porque é que não há perda? Porque nada se perde, tudo se transforma. A dor que essa sensação de perda causa é quase intolerável, julgamos nós na altura, mas tudo se supera, tudo.
O que acontece é que aqueles que amamos, nunca morrem, eles vão apenas para outro plano, transformam-se noutra matéria, uns tempos antes de nós. A morte não existe, é mais uma ilusão nossa, dos que estamos aqui “encravados” na Terra.
Será que já pensamos que, quando nascemos há quem fique, lá do outro lado dos Véus, a chorar por nós?
Há várias civilizações que comemoram as partidas, porque sabem que, para além de ser uma libertação, mais tarde, irão encontrar novamente os entes queridos.
A saudade…
Como lidar com a saudade? Poucas são a línguas que têm esta palavra, como sabemos, isto é um sentimento muito lusitano, porque será a saudade tão nossa?
A base destruidora de quase tudo e também da saudade talvez seja o medo, o medo do amanhã que conduz ao apego, que por sua vez, conduz ao sofrimento. Se analisarmos isto a fundo, percebemos que é realmente verdade. Se fossemos livres de apegos, não sofreríamos tanto.
Há quem pergunte como se pode amar sem apego. A resposta é teoricamente simples: respeitando a liberdade de cada um; dos filhos, dos companheiros, mas acima de tudo a nossa própria. A conquista da nossa liberdade deveria ser a primeira de todas as prioridades, porque no momento em que criamos laços de dependência, cavamos a nossa “sepultura”.
Há também quem confunda Amor incondicional com amor de pais, por exemplo, mas se o filho decide optar por um caminho diferente daquele que os pais idealizaram, lá se vai o amor incondicional. “Ah, mas eu como mãe/pai é que sei o que é melhor para eles!” Errado! Quanto muito pode dar conselhos, sábios conselhos, mais do que isso é puro desrespeito. “Pois, mas eu sei que eles vão bater com a cabeça na parede!” É possível sim, e custa assistir a isto impávidos, mas tem que ser. O que podemos é abrir os braços e curar as feridas quando eles voltarem magoados… Isto é talvez uma forma de Amor Incondicional.
Se mantivermos em mente que a vida na Terra é apenas uma passagem, muita da nossa dor desaparece…
Como escola que é este planeta, deveríamos agir como agimos noutra escola qualquer: vamos lá adquirir conhecimento, mas deveríamos dar menos importância ao que lá se passa, porque no fim do dia, vamos voltar para Casa!
Muito haveria para dizer a respeito da perda, nas vamos agora dialogar, sim?