"É complicado" Esta deve ser, actualmente, a frase mais usada do nosso vocabulário. Tudo se resume a “é complicado”. Seja qual for a circunstância aplica-se esta expressão. Temos uma língua riquíssima cheia de vocábulos e sinónimos porque é que não os usamos? Será uma questão de raiz, educacional, social – como o exemplo do “isto é assim” que já não se aguenta! – ou será apenas preguiça mental? Mais do que isso, não será tal exemplo do modo como vivemos? Não fazemos grande esforço para ser diferentes, originais, singulares. Vestimos da mesma maneira, ouvimos as mesmas músicas, comemos as mesmas coisas, vemos os mesmos filmes, etc. O que será que nos faz ser assim pouco ambiciosos – espiritual/pessoalmente ambiciosos? Porque será que temos tanto medo de ser aquilo que verdadeiramente somos? Temos medo de assumir que detestamos gravatas, saltos altos, calças de cintura descaídas, horários, Yoga, que não acreditamos em Deus ou que acreditamos… Estamos formatados, estamos automatizados de tal forma que nem questionamos… a Liberdade!
Senão conseguimos vislumbrar uma saída para alguma questão, senão conseguimos resolver qualquer coisa é porque “é complicado” – na maioria das vezes nem sequer tentamos! “É complicado, portanto, nem me vou esforçar, já sei que não consigo.” Mas como é que sabe que não consegue?!? Uma coisa é certa, senão tentarmos não conseguimos! E senão tentarmos somos fracos; nunca nos orgulharemos de nós mesmos. Será que é isto que queremos deixar aos filhos? É este o nosso legado?
É por causa desta postura, também muito actual e geral, que tanto falo quase que exaustivamente em mudanças internas e limar arestas. Todos temos muito que trabalhar em nós, mas uns tentam, outros nem sequer sabem que podem mudar. Será que não sabem ou será que não querem saber? Os sinais do Cosmos, de Deus/a, do Universo para mudarmos são, muitas vezes, quase palpáveis, flagrantes até. Só não vê quem não quer… Lá diz o povo que “mais cego é aquele que não quer ver”.
O Homem está condenado a atingir a Iluminação – e consciente ou inconscientemente nós sabemos disto -, então, porque é que não nos despachamos? Porque é que perdemos tanto tempo e energia com coisas que não valem nada?! E nós sabemos que não valem nada, mas deixamo-nos levar pelos desejos, pelas dependências, pelas falsas “bóias de salvação” que não passam de balões de oxigénio. A raiz é sempre a mesma: temos medo do desconhecido; temos medo da Liberdade!