As histórias que me acontecem diariamente devem ficar escritas e partilhadas porque, de facto, fazem-me pensar que o ser humano é um “bicho” muito esquisito e nós não fazemos ideia do que se passa no interior de cada um. Os modus pensante de algumas pessoas que entraram no meu espaço é assustadoramente… humano; outras são simplesmente engraçadas. A fragilidade, a insegurança, todos os apegos, a sensação de abandono que as pessoas sentem e vivem é esmagadora. Há uma descrença generalizada. Há uma crise terrível de auto-estima. E quem não admite isto, acaba por se tornar arrogante e agressivo.
Bom, mas vamos começar por um episódio engraçado que se passou ainda na minha lojinha. Uma senhora, com um ar um pouco confuso, já quase no fim da consulta pergunta-me: “oh Vera, há uns dias fizeram-me uma chamada anónima, pode ver quem era?” Comentários para quê?
Há uns dias, uma senhora também visivelmente perturbada pelo facto de ter sido deixada pelo namorado, disse-me isto: “Se eu não tivesse uma filha tinha-o morto!” Mantive-me o mais impávida que pude, perguntei: “porquê?” A senhora ficou um pouco surpreendida com minha pergunta e, talvez… talvez, se tenha feito um pouco de luz naquela frágil mente e orgulho absurdamente ferido… Até que ponto vai o ódio no coração das pessoas? E o despeito?
Há dois fenómenos incrivelmente coincidentes nas minhas consultas, ou será que sou eu que atraio este tipo de situações?
1. Mulheres mais velhas com homens mais jovens.
2. Afastamento ou mesmo ruptura nas relações sentimentais sem que haja sequer uma explicação, um telefonema, nada.
Não tenho nenhum preconceito relativamente à diferença de idades entre as pessoas, nenhum mesmo, e até tenho noção de que há sempre uma razão para que isso aconteça, mais ou menos profunda. Questões de infância, questões familiares, questões karmicas, enfim, não dá para julgar o que quer que seja, mas… há umas semanas, uma senhora por volta dos seus 55 anos, procurou-me porque tinha conhecido à porta de uma discoteca um rapaz de 24 anos. Envolveram-se mas ele não desenvolve, queixava-se a senhora que acrescentou que, não percebia o porquê visto que tinham tanta coisa em comum…
Também me escuso a fazer comentários.
Há outros casos em que é óbvio que a relação funciona por causa do sexo. Mas isso é assumido pelas pessoas em causa, o que é bastante saudável. Se é profundo ou não, se é possível uma relação crescer sob esta base ou não, é outra história, mas se são adultos, porque não?
Aviso à navegação masculina com mais de 35 anos: Cuidado, há muitas queixas sobre o vosso desempenho! (ai que má!)
O outro fenómeno é mais grave. A falta de coragem, de educação e de consideração é flagrante e muito triste na hora de dizer adeus. Como é que se pode deixar alguém sem uma explicação? Esse alguém partilhou coisas connosco, intimidade, o que quer que seja! Isto é cobardia pura! O que é que estará por detrás disto? Apenas falta de educação? Sim, pode ser. As mãezinhas têm alguma culpa no cartório quando facilitam tanto a vida às criancinhas. Há um medo terrível em se enfrentar situações desconfortáveis, dos confrontos, mas, não tem que ser assim! Pode haver um diálogo civilizado e saudável e todos temos o direito de mudar de ideias! Um “desculpa, mas não é isto que eu quero.” dito com humanidade é suficiente. O que é feito do habitual “eu não te mereço, tu és muito melhor que eu.”?! Volta conversa de chacha, volta!
Hum, esta é uma grande ideia, a das crónicas. Assim, faço uma espécie de terapia e consequentemente, vocês são meus terapeutas. Como eu tenho alguma dificuldade em quebrar as minhas reservas e timidez, porque acho sempre que não tenho que maçar os outros com as minhas coisas, isto até pode funcionar e ajudar-me. É que eu às vezes já me pergunto se sou eu que estou a ficar maluca e fora do contexto… pode ser. Desculpem despejar o meu lixo em cima de vocês, mas tentarei que seja de forma levezinha