Nesta altura, a Persefone, filha de Zeus e Deméter, volta do submundo.
Ela foi raptada pelo deus Hades que, encantado, a levou à 'força' para os infernos. Para a conquistar Hades, senhor da morte, deu-lhe a comer sementes de romã, símbolo do Amor e fecundidade - romã, maçã... ;) - e ela tornou-se assim rainha dos mundos internos.
A sua desesperada Mãe, com a ajuda de Hermes, conseguiu negociar e resgatar a filha, mas como ela já tinha sido 'tocada' pelo 'fogo do inferno', o melhor que conseguiu foi: Persefone viveria 6 meses à superfície e 6 meses no mundo de Hades.
Ela regressa agora, na PrimaVera, mais sábia, mais Mulher, pois a experiência - boa ou menos boa - faz isso; amadurece-nos, fortalece-nos.
Esta é, muitas vezes, a origem do nosso sofrimento: a recusa em viver a vida no seu potencial. Como temos pavor de sofrer, escondemo-nos - no caso da Persefone, debaixo das saias da deusa da Agriculura -, no nosso caso, na rotina que 'achamos' que controlamos. Rotina essa que de tão contida que é torna-se previsível, monotona, cansativa. Precisamos de estímulos; crescemos através das nossas acções e reacções! Crescemos lidando com os outros, com as incertezas, com as constantes mutações e transformações que a vida traz, quer queiramos quer não.
Durante o Inverno, quando a luz desaparece, estamos recolhidos e mais centrados em nós; o nosso crescimento é interno.
Na PrimaVera, renascemos prontos para a luz, para a vida, para um novo ciclo que se quer melhor porque estamos mais disponíveis, mais optimistas e alegres; o Sol brilha e nós, seres vivos, precisamos da luz do astro-rei.
Se aprendermos a aceitar a Roda da Vida, com as suas tão particulares características, viveremos, com certeza, bem mais harmonisos, logo, mais felizes.
Abramos os braços à vida aceitando o que ela tem para nos dar! E tenhamos em mente que nada controlamos e ainda que o melhor está ainda para vir!
FELIZ OSTARA!