Sexta-feira, 10 de Agosto de 2012
Quero partilhar algo de bom convosco.
Hoje tive o privilégio de assistir a um casamento Sufi espontâneo. Foi, tal como devem ser todos os casamentos, uma cerimónia simples, mas cheia de convicção, responsabilidade e Amor maduro.
Acima de tudo, tocou-me a simplicidade. Só foi preciso os noivos, o sacerdote e poucas testemunhas. Os noivos tiveram que repetir o "sim" 3 vezes para que não houvesse qualquer duvida acerca da vontade de se unirem. E pronto, acabou! Aos olhos de Deus a união estava celebrada.
Ora, este casamento não custou um avo, não requereu organizações elaboradas, reuniões, bodas, bandas, slideshow, toneladas de flores, vestidos que só se usam uma vez e que custam uma viagem à volta do mundo... nada, e aconteceu!
Comparando isto aos casamentos de estadão que se vêem por aí, foi de uma beleza e grandiosidade inesquecível.
Há uns dias soube que um casal se divorciou porque não aguentou as dívidas contraídas... na cerimónia do casamento! Qualquer coisa como 100.000 euros gastos num casamento!
Após os noivos saírem, eis que um casal - não casado - deixou-se levar para uma quase discussão. Talvez sentindo a pressão, porque se falava de casamento de uma forma muito natural e o Irmão que celebrou o casamento estava a pedir-nos que não tivéssemos medo do casamento porque a dois - dizia ele - o Caminho é mais rápido; o fugidio noivo desculpava-se e escusava-se ao casamento porque - dizia - não se sentia suficientemente limpo para se unir a outra pessoa. Que bonita seria esta atitude... se fosse verdade, mas não é, é uma ilusão e uma forma muito airosa de se escapar ao compromisso.
Eu mantive calada e observadora. E observei NOVAMENTE que um dos grandes males da Humanidade é não se conseguir ouvir. Ouvir é, de longe, uma das coisas mais difíceis de se conseguir: ouvir, ouvir com o coração, ouvir sem defesas, sem acharmos que estamos a ser atacados. Simplesmente ouvir, ouvir com tempo, tolerância, paciência e Amor.
Ouvir é um enorme acto de generosidade.
Não o conseguimos fazer porque estamos em constante postura de defesa. Esperamos ataques de todos os lados e de todos, dos que nos são indiferentes e dos que nos amam... Sim, é irracional este comportamento.
Dizem por aí que há falta de diálogo, mas eu acho que há conversa a mais. Falamos demasiado, falamos ao mesmo tempo que o outro, por cima do outro, não respeitando o seu tempo. Falamos o que queremos e o que não queremos. Falamos de coisas sérias e de insignificâncias, tudo na mesma conversa! Isto porque queremos evitar que o outro fale... porque não queremos ouvir.
Ouvir é dificílimo mas é essencial que aprendamos a bem das nossas relações.
OM Shanti