Acabadinha de voltar de Amaravati - que é um mosteiro budista perto de Londres (www.amaravati.org) onde se vive uma paz inimaginável - cá estou de volta à realidade e mais concretamente a importar o meu blog para o sapo.pt.
Como é por lá? Se houver um paraíso na Terra deve ser muito parecido. A simplicidade do mosteiro, a sua beleza, os monges e monjas, os quase monges e monjas, a atmosfera/vibração, o contacto tão directo com a natureza, tudo é muito especial.
Quem quiser encontrar-se, conhecer-se um pouco mais, pensar, meditar com fartura, ter tempo para si, é lá que encontra todas as condições. Com duas meditações diárias – 5h e 19h30 – só se não quisermos é que não vimos de lá melhores seres humanos. Isso foi algo que me sensibilizou constantemente, a gentileza das pessoas, o sorriso constante de todos, lá não precisamos de ter defesas ou máscaras, porque ninguém nos é minimamente hostil, pelo contrário. Os pequenos gestos de entreajuda, as amabilidades que aqui na “civilização” se perderam há muito, fui encontrar em Amaravati, uma comunidade quase perfeita.
A filosofia budista é exigente e põe a fasquia bem alta, mas o que é facto, é que nos apercebemos, claramente do tempo e energia que perdemos com os factores externos em vez de nos preocuparmos connosco! Estamos sempre ausentes de nós próprios. Estamos em constante critica, aos outros, claro, e esquecemo-nos da autocrítica, mas da autocrática CONSTRUTIVA e não destrutiva como habitualmente fazemos. Ali temos a percepção exacta da nossa importância, da nossa essência, e de que senão nos focarmos em nós e no nosso Objectivo, que passa com certeza pelo profundo auto conhecimento, nunca mais chegaremos à Iluminação. Enquanto estivermos entretidos pela mente, perdemos tempo precioso. O grande desafio budista é controlar a mente, parece difícil? E é. Mas consegue-se com persistência, disciplina e fé.
“Anyone attached to the senses is like a drunk whose liver is not yet destroyed. He doesn’t know when he has had enough. He continues to indulge in drink carelessly. He's caught and later suffers illness and pain.” Ajahn Chah