Na passada 3ª feira vi o jornal Metro num café, onde parei por “acaso” e fui dar uma vista de olhos. Quando cheguei à página do horóscopo, eis que me deparei com uma foto e uns textos bem diferentes dos habituais, que por caso eram meus.
Há uns meses atrás quando soube da compra do Metro pela concorrência, soaram-me sinais de alarme. Quando questionei um responsável do jornal quanto à minha posição, recebi como resposta um: Que disparate! Claro que isso não vai ser mexido. Que sentido tinha haver dois jornais gratuitos com o mesmo horóscopo? – Fiquei descansada porque o argumento era válido.
Na passada semana tive a noção de quanto eu sou ingénua e fácil de convencer – que Deus me mantenha!
A ambição é transversal. Não há nenhuma profissão que não possa ser manchada pela ânsia do poder. Mas nesta profissão onde, suposta e teoricamente, devemos ser melhores e mais espiritualizados, o consciencializar desta dura e triste realidade é para mim algo bem difícil.
A divisão dos jornais gratuitos era democrática; cada um tinha o seu, mas alguém achou que não, que queria mais, e não hesitou em tirar-me de cena sem sequer ser avisada – parece que é moda -, após quase 3 anos de colaboração e sem quaisquer dividendos. A cobardia e falta de educação são inqualificáveis e como disse uma querida leitora numa carta que me escreveu e que mandou para o Metro, espero que os responsáveis por este acto nunca passem pelo mesmo.
Quando recuperei do choque inicial lembrei-me que este pequeno e mesquinho episódio já se tinha repetido no passado.
Há uns anos atrás fui contactada por um jornal da Figueira da Foz. Um senhor muito simpático disse-me que os jornais da região tinham todos a mesma pessoa a fazer os horóscopos, e portanto, eles queriam diferenciar-se e ter outra profissional. Como gostava muito da minha escrita, surgiu a ideia e o convite. Aceitei de bom agrado e comecei a enviar os textos pontualmente como é meu apanágio. Na 3ª semana fui abrir o jornal que gentilmente me mandavam, quando me deparei na página dos horóscopos com outra pessoa, a mesma pessoa.
Com o devido respeito pelo jornal em causa, a verdade é que era um jornal regional duma pequena cidade do país! Ora, quem faz isso com um pequeno jornal, com certeza que não teria pruridos em fazer com outras publicações. Bem dito, bem feito.
Para mim aquilo foi um alerta, um aviso de que não somos todos iguais e não temos, nem de perto nem de longe, os mesmo valores morais e éticos.
Fiquei surpreendida com a situação, mas fiquei acima de tudo descansada, porque a minha consciência estava tranquila. Não fui eu que errei, não fui eu que fui desleal.
Com este aviso, é evidente que percebi que assim que pudessem, armar-me-iam novamente a armadilha. Eis a nova armadilha.
É pena que, uns quantos de nós queira desbravar este caminho cheio de preconceitos e fazer um bom trabalho, mas que continue a haver pessoas dentro do meio (!) que teimam em manchar a nossa reputação e profissionalismo com atitudes deste tipo, dando razão a quem ainda nos persegue.
Mas há uma coisa que continua igual: a minha consciência. Durmo descansada porque sei que sou, sem falsas modéstias, uma honesta, dedicada e empenhada profissional. Dou o melhor que tenho nos meus textos e consultas. Os meus consultantes sabem-no e são o meu melhor cartão-de-visita.
É lamentável esta situação, mas há ainda outra grande certeza no meio desta canalhice: a justiça divina não falha.