Estava eu a trabalhar, e como sempre já sob stress, quando fui à procura na net de uma música que acho simplesmente uma das mais belas que já ouvi: Amor a Portugal, de Dulce Pontes. Para além da voz de Dulce Pontes ser, digamos, divina, a letra é uma ode lindíssima ao nosso cansado, castigado, adormecido e especial País.
Quando ouvi novamente esta… obra de arte, e já trabalhei com esta música quando trabalhava no SCP, onde fiz um filme institucional para a inauguração do novo estádio, que digo sem falsas modéstias, que ficou lindíssimo, não dormi durante duas noites, mas valeu a pena. Não esquecerei nunca os rostos emocionados daqueles que assistiram à sua exibição. Ainda hoje me emociono quando o revejo. Um dia deste coloco-o aqui, afinal fui eu que o fiz.
Mas então, ao rever esta música senti um profundo nacionalismo (re)despertar dentro do meu peito. Já o tinha sentido quando vivi em Moçambique, porque só estando fora do nosso “cantinho” é que conseguimos ama-lo de forma incondicional relativizando os seus problemas.
Sim, estamos em crise, estamos cheios de dificuldades e desafios, mas será que não podemos parar um pouco para olhar as nossas maravilhas? Quando foi a última vez que visitamos um Monumento? Um Museu? Uma praia mais distante e selvagem? Conhecemos o Norte? O Sul? O meu bem amado Alentejo? Gastamos dinheiro com coisas tão estúpidas, será que não podíamos viajar mais para amarmos mais este “cantinho” tão especial? Porque é especial, sim! E TAO LINDO!
Temos problemas? Temos! Temos corrupção? Sim, infelizmente temos. Temos desemprego? Sim, mas vamos valorizar também o bom que temos? Temos que combater o derrotismo, a inércia, a critica vazia! Passamos a vida a atacar o governo, os dirigentes, mas quantos de nós tem uma atitude pró activa na vida pública? Quantos de nós faz alguma coisa até pelo vizinho do lado?! Quantos de nós sorri para a pessoa que chora na rua? Que mendiga atenção…
Simplesmente ouçam esta música tão especial e sintam o que eu senti, um profundo Amor pelo nosso Portugal. Não foi à toa que aqui nascemos, lembremo-nos disso!
Uma vez perguntei a um padre jesuíta – muito à frente – se achava que a igreja católica estava bem. Ao que ele me respondeu sabiamente: Se a tua Mãe estivesse doente iria abandona-la?!
Com esta me fico e como eu digo muitas vezes nos meus textos: se cada um fizer a sua parte isto torna-se bem mais fácil, verdade?
De mariana a 26 de Junho de 2009 às 19:07
muito boa tarde.
tem toda a razão! pouca gente valoriza Portugal. mas no seu post, a parte que mais mexeu comigo foi ''Quantos de nós faz alguma coisa até pelo vizinho do lado?! Quantos de nós sorri para a pessoa que chora na rua? Que mendiga atenção… ''.
é verdade, mesmo. noto principalmente em Lisboa. felizmente, orgulho-me muito de fazer coisas por desconhecidos de forma irreflectida, coisas pequenas. um dia destes, por exemplo, fui a uma pastelaria comer um pastel de nata. era o ultimo. tinha passado as ultimas horas a pensar no pastel de nata (é triste, eu sei, mas é verdade), e fiquei feliz por ainda haver!! entretanto entrou uma miuda de 6,7 anos na pastelaria q qeria um pastel, e eu ainda nao o tinha começado a comer, por isso pedi antes um bom-bocado pra mim e ficou antes a miuda com o pastel. sei que pode parecer ridiculo, mas fiquei muito contente com a minha atitude. a miuda ficou com um brilho nos olhos e acho q até estava a desconfiar. e acontece-me todos os dias ser atropelada no metro por pessoas que passam 24 horas cegas face aos pormenores da cidade que todos os dias as podem cativar, basta qererem. uma conversa na rua engraçada que apanhámos a meio, uma música que começou a tocar, a ajuda que podemos dar a alguém que não sabe ir ter à rua x, etc... são os pormenores que me fazem sorrir quando saio à rua. e espero nao ser a única a olhar o céu!
*
De C!rano a 2 de Julho de 2009 às 00:33
Boa noite Mariana..,perdoe-me o atrevimento mas não consigo deixar de responder ao seu comentário.
No meu ponto de vista,o seu acto conteve a verdadeira bondade e o sentimento que o moveu veste-se da mais requintada nobreza.
Todos os dias falo com pessoas que nem teriam reparado na menina,quanto mais perceber o que ela queria.pessoas que se julgam bondosas por matar a fome a uma criança quando isso não é mais que uma obrigação.enfim..,Mariana..,pessoas que confundem pena com compaixão.
Quando as noites estão calmas,subo para o telhado do quartel e fico a ver a rua que se divide n'uma estrela de cinco pontas.começam a fexar os cafés e vão abrindo os bares.os estudantes de palmo e meio desaparecem e surgem no seu lugar homens gordos de boxechas avermelhadas abraçados a "croatas" com o dobro do tamanho.os corpos vão-se enfeitando cada vez mais.as roupas apertam e as botas de cano alto voltam a estar na moda.sabe como é..,olho para a rua e vejo-a cheia de gente com razão.
por isso é importante para mim saber que existem pessoas que são capazes de fazer as pequenas coisas.pessoas que reparam na criança que está ao seu lado.que lhe concedem um capricho.que lhe roubam um sorriso.porque a nobreza ocupa espaço e só almas enormes projetam acções tão pequenas.
Porque todo o bem merece ser reconhecido e todo o ser humano tém direito á vida e á felicidade..,um "bem haja" do C!rano pela conduta demonstrada.
De mariana a 27 de Setembro de 2009 às 03:14
boa noite C!rano,
peço desculpa pela enorme demora na resposta! mas vim rever esta publicaçao por mero acaso, e por outro mero acaso encontrei este seu comentário que me deixou tao feliz!!
muito obrigada. na verdade, todos fazemos coisas de que nos orgulhamos. e coisas boas. precisamos é de dar espaço a estas revelações. parando um pouco. olhando para o lado... tenho a certeza que no seu dia-a-dia se mostra altruísta muitas vezes, e de modo instintivo. este seu simples comentário já foi um desses pequenos gestos que vão mudando o curso do universo! :)
felicidades.
Comentar: