O contacto diário com pessoas diferentes, vivências diferentes, background diferentes é muito interessante e o que se aprende é inimaginável.
Ontem tive o prazer de atender um casal em que o senhor tinha 76 anos e a senhora pouco menos. Uma senhora muito bonita, muito charmosa e bem cuidada, mas ao mesmo tempo era muito simples e com um sorriso de menina. O senhor era um charme só! Bom conversador, tipicamente geminiano, tão bom conversador que já tinham passado 45m desde o início da consulta e eu ainda não tinha tocado nas cartas!
Eu adoro ouvir histórias de vida, sempre gostei, não por ser cusca, mas porque se aprende sempre muito. Eu estava encantada, não só com a juventude do senhor, como com a energia que envolvia o casal. Há 50 anos juntos e imagine-se que a senhora ainda se ria das piadas dele! Piadas que já deve ter ouvido centenas de vezes! Não é lindo?! Faz-nos acreditar que ainda é possível... Notava-se que o senhor tinha já feito das dele, mas só coisas leves dizia: “Nunca me passou pela cabeça enganar a minha mulher!” Os meus olhos procuram os da senhora e ela sorriu, um sorriso tão lindo e apaixonado que o meu coração apertou-se de comoção. 50 anos juntos!
Isto vem confirmar aquilo que eu “temia”; pode acontecer a qualquer um de nós. Deve dar uma trabalheira terrível; deve envolver umas lágrimas, umas dorzitas de quando em vez, mas será que não faz parte? Envelhecer ao lado de quem se admira, por quem os nossos olhos ainda brilham, não vale a pena?! Vale com certeza! Apesar de ouvir todos os dias o contrário, ou seja, que os divórcios são muito e cada vez mais degradantes, a enorme falta de respeito com que as pessoas se tratam - o desrespeito até pelos filhos que assistem a tudo e mais alguma coisa -, a falta de comunicação entre o casal que leva ao afastamento, à forma desumana como se resolvem e dissolvem as relações… Apesar disto tudo, eu ainda acredito no amor!
Casmurra a rapariga!