Todas as férias deveriam ser como foram as minhas. Ao invés de escolher um sítio em que as pessoas se amontoam, onde há filas para tudo e temos de nos vestir bem à noite, o meu destino foi quase um paraíso – e não, não foi nada caro -, onde tive tempo para pensar… não será esse, juntamente com a necessidade de descanso, um dos motivos porque temos férias?
Na azáfama da vida, no meio do emaranhado em que nós próprios nos envolvemos nem pensar conseguimos… - bem, se formos mais longe, nem respirar respiramos.
Bom, no meio de meditações e de horas e horas para pensar, lá fui analisando a minha existência. A lucidez e o discernimento nesses sítios não poluídos são alcançados num instantinho. Afastamo-nos das pessoas, das emoções, dos “stresses” e da ansiedade e eis que as respostas surgem de forma clara e inequívoca. Repetidamente dizia: “Claro, é isso!” Estes “claro, é isto” tinham todos a ver com os apegos, os tão difíceis apegos que todos temos, uns mais conscientes outros menos. Será que são os apegos que geram medo ou será o oposto?
À medida que vamos conseguindo “coisas” na vida, os apegos crescem. Se compramos um carro, pelo menos nos primeiros tempos andamos cheios de medo que aconteça alguma coisa com o brinquedo novo = apego! Se compramos uma casa nova, por norma acima das novas necessidade e posses, vivemos o resto da vida com medo de não conseguirmos pagar o raio do empréstimo = apego! Se encontramos um/a companheiro/a a nossa mente quase de imediato imagina o pior dos cenários e o nosso comportamento muda. Em vez de nos entregarmos e vivermos com intensidade o que o Universo nos coloca no caminho, estragamos o belo e com os nossos mecanismos de defesa exacerbados. E depois dizemos: Ai o Deus não gosta de mim. Ai que injusto!”
Este seria um tema para um outro post. Deus tem que gerir biliões de galáxias, nós somos um grãozinho de areia…. não, a Terra é um grãozinho de areia e nós achamos que Deus está lá em cima zangado de dedo em riste a castigar-nos? Isto não quer dizer que não sejamos importantes, afinal, somos Centelhas Dele, mas nós é que somos responsáveis por nós. Todos os Mestres deixaram esta mensagem mas nós só ouvimos o que queremos, não é?
Ou seja, o que nós temos de ter muita atenção é que quanto mais temos – material ou emocional -, mais medo adquirimos, simplesmente porque não sabemos ter de forma saudável.
Podemos ter dinheiro e conforto, claro que sim, mas temos de vivê-los de forma liberta, com um distanciamento saudável.
O desapego não é sinónimo de indiferença ou insensibilidade como algumas pessoas julgam, o desapego tem a ver com viver tudo sem medo das perdas que inevitavelmente irão acontecer. Nada é eterno, e por mais que nós gostemos daquela chávena linda e preciosa, o destino dela é partir-se! Qualquer relação, qualquer emprego um dia acaba de uma maneira ou de outra, então, vivamos intensamente o que temos enquanto temos!